domingo, 2 de janeiro de 2011

A vida é isso aí

Estamos sempre procurando o melhor pra nós. Nem sempre encontramos o desejado, porém, a vida nos oferece respostas diversas, cabe a nós usá-las. Hoje foi um dia macabro para mim, acordei ainda pensando viver em 2010, não segui os planejamentos que fiz: ser mais otimista, não demorar nas deciões e ações. O bom é que parei para refletir e decidi que somente seguindo meus planejamentos irei mudar os rumos das coisas. Quero mudar muito, principalmente no tocante aos meus sentimentos, sei que vou conseguir. Por isso, eu digo sempre, a vida é isso aí, você planeja e faz diferente.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

FLÁVIO DINO É VETADO POR SARNEY

FLÁVIO DINO É VETADO POR SARNEY
Marcelino Barbosa da Silva Neto
O senador José Sarney teria recomendado expressamente ao presidente Lula veto a qualquer participação do deputado federal Flávio Dino no governo da presidente eleita Dilma Rousseff. Não quer o comunista em nenhum cargo federal em Brasília e muito menos no Maranhão. O PCdoB nacional já teria sido avisado, inclusive, de que pode incluir qualquer nome na listas de indicados, menos o de Flávio. Por essas e outras, que faço aqui a mesma pergunta da jornalista Eliane Cantanhêde, em artigo publicado na Folha de São Paulo: por que raios Lula dá tanto poder a Sarney? Afinal, o que que a baiana e o Sarney têm?

A GUERRA DOS 3 BÊS O PODER EM DISPUTA NO MARANHÃO

A GUERRA DOS 3 BÊS O PODER EM DISPUTA NO MARANHÃO
Marcelino Barbosa
Realizada a independência com o devido cuidado de garantir a preservação da ordem econômica e da escravidão, apresentava-se ao governo imperial, novos obstáculos como a manutenção da unidade territorial e a formação e consolidação do poder nacional. Estes novos obstáculos situavam-se nas províncias onde a terfa de consolidação do poder nacional enfrentava uma série de conflitos intraelites (entre elite e povo) e, sobretudo, entre brasileiros e portugueses. Assim, após a adesão à independência, iniciou – se um conturbado periodo de conflitos entre facções, cujo enfretamento gerou a ocorrência de sucessivos confrontos no interior das classes dominantes, objetivando cada grupo assumir o controle da administração provicincial. É este o cenário predominante no Maranhão pós – independência, até o inicio da década de 40 século XIX.0
A Revolução do Porto, proclamada em 1820, projetou mudanças, sobretudo, no quadro politico do Maranhão. Antes das notícias da implantação do liberalismo em Portugal, o Maranhão era governado por militares, passado, desde então a ser governado por civis. A junta que se instalou após a demissão do Frei Joaquim de Nazaré era presidida por Miguel Inácio dos S. Freire e Bruce, e contava ainda com Lourenço de Castro Belfort, José Joaquim Vieira Belfort, além dos membros da junta de Itapecuru. Bruce iniciou uma demissão em massa dos portugueses que ocuparam cargos publicos na provincia, sendo mantidos no cargo aqueles fiéis á causa da independência. Portugueses que moravam em São Luis foram inclusive agredidos na via pública. Inácio Bruce entrou em conflito com o deputado da provincia em Lisboa, o padre José Antonio Ferreira da Cruz Tezinho, que teve seus bens confiscados. Entrou em choque também com o governador das armas, o tenente – coronel José Felix Pereira de Burgos, acusado de agir de forma arbitrária, atuando em favor dos portugueses no Maranhão. Desde o inicio da década de 20, do século XIX, o clima de agitação caracterizava o Maranhão e as contendas políticas eram corriqueiras, mas é o ano de 1824 que as tensões e intrigas alcançam o seu ápice. Estas são resultado das disputas entre Miguel Inácio Bruce, presidente da junta governativa, José Felix Pereira de Burgos, no governo das Armas e Sá Moscoso, presidente da Câmara Municipal. Vieira da Silva expressa muito bem os conflitos politicos existentes no Maranhão neste período:
A primeira de uma série de conflitos ocorreu entre Moscoso e Burgos. Ofensas e acusações da parte de Moscoso resultaram na sua prisão em 14 de setembro de 1823. A junta não se manifestou nesse episodio. Moscoso conseguiu escapar ocultando - se em sua residência. Em momento oportuno passou a conchava com a tropa para que, consequindo o apoio de populares, promovessem a deposição do Governador das Armas. Na noite desse mesmo dia, amotinou –se a tropa juntamente com alguns populares. Percebendo a agitação, Burgos se dirigiu ao encontro dos revoltosos na companhia de alguns portugueses armados. Iniciou –se novo conflito. Como resultado, o Tenete – Coronel Burgos foi preso com toda a sua tropa. Os revoltosos declararam Moscoso como novo Governador das Armas em substituição a Burgos. Na manhã do dia 15, a tropa reunida em frente ao Palácio do Governo, exigia que a junta se manifestasse a favor de Moscoso. Prontamente, a junta convocou a cãmara – geral para esse mesmo dia, ficando, contudo, excluídos os portuguêses sob o pretexto de evitarem novos confrontos. As reivindicações dos revoltosos eram: novo Governador das Armas; expulsão da cidade de São Luis de alguns portugueses que faziam oposição à independência e poderiam pertubar o sossego público; nomeação de um novo Governo Civil, conforme publicado pelo Marques no Maranhão ( Silva: 1972,195).
Em 1824 o clima era bastante agitado o que favoreceu uma forte escalada de saques e violência praticada por brasileiros contra portugueses que habitavam a cidade. Os conflitos se espanharam para o interior. Em Rosário, Itapecuru, Peris, Alcântara e Icatu houve movimento de tropas rebeldes que, sob a orientação de Salvador Cardosos de Oliveira exigiram a demissão dos Bruces, Burgos e Belfort dos cargos públicos. A rebelião se agravou quando os demais membros da junta governativa foram demitidos, concentrados Miguel Inácio dos Santos cargos, perseguindo inclusive o jornal o conciliador, periódico que servia aos interesses lusitanos no Maranhão. O ano de 1824 foi marcado por intensos conflitos envolvendo o presidente da provincia da familia Bruce, e seus opositores, deflagrando um clima de total insegurança inclusive para a imprensa, que circulava precariamente.
A revolta alastrou-se por várias cidades do interior e a capital foi cercada pelos rebeldesm, sendo Alcântara saqueada pelas tropas do governo. Os expedicionários revoltosos não lutavam contra o Império, mas contra o despotismo, principalmente de Inácio Bruce. O fim do movimento, segundo Mário Meireles, ocorreu quando.
Em 9 de novembro de 1824 tornou a São Luis o almirante Cochrane, com a incumbência de restabelecer a ordem e logo no dia sequinte recebeu uma representação escrita contra os procedimentos de Bruce, apontado como causador de todos as desgraças caídas sobre a província (MEIRELES: 1980, 256).
Cochrane assumiu o comando das armas, exigiu a deposição do armamento, sendo deposto o presidente Inácio Bruce em 25 de dezembro de 1824. Em ato contínuo, exigiu da província uma indenização no valor de 104.000,000, pelos “serviços prestados à provincia”.

A SETEMBRADA: O ANTI – LUSITANISMO EM CENA

No Maranhão, os anos que se sequiram à adesão e à independência foram marcados por violência, eclosão de rebeliões localizadas em várias provincias, tensões e conflitos na disputa pelo poder pelas facções contrárias. Digladiavam-se portugueses e brasileiros, exaltados e moderados, comerciantes e agro – exportadores e aristocratas contra setores sublaternos. No seio da própria elite nativa não havia consenso, levando aos conflitos expressos nas lutas entre familias abastadas que controlavam o poder na província. Mas, acima de tudo, a luta era contra os portugueses para afasta-los do poder, pois a elite nativa buscava ampliar o seu espaço no jogo politico, enfrentado qualquer classe que ameaçasse os seus interesses. O antilusitanismo ganha força no terreno do discurso liberal e cria um clima de tensão entre brasileiros e portugueses que proporcionava cenas de violência que iam do xingamento às “vias de fato”. A tendência liberal nacionalista visava, antes de mais nada a autonomia política e, para tanto, fazia-se necessário reduzir o papel politico do grupo português. Na Setembrada sobrepôs –se esta posição ideológica uma tendência nacional, impregnada de anseios da população de baixa renda mestiça e escrava, adicionada ás lutas no seio dos setores médio e dominante. A necessidade de contenção de milhares de camponês e vaqueiros tornou-se uma questão de honra para as camadas dominantes. O alarme foi dado quando João Damasceno, lider camponês, deflagrou o movimento provocando a reação desses setores conservadores defensores da “ordem e dos valores nas províncias, influenciadas pelo clima de insegurança e tensão existente, bem como pela tumultuada abdicação de D. Pedro I, o que aumentou a oposição aos portugueses na provincia.
No Maranhão esses conflitos receberam a denominação de Setembrada ou Motim do Campo de Ourique e Novembrada e foram liderados por liberais como José Cândido, Francisco Magno de Abranches, além do Camponês João Damasceno que exigiram o afastamento dos portugueses dos altos cargos da burocracia e a expulsão destes do país. No início a Setembrada assumiu um caráter de rebelião urbana, que eclodiu no interior do quartel de milicia, no centro de São Luis e envolveu brasileiros e portugueses. A sequir, a rebelião expande –se para o interior assumindo um carater popular. Sobre o tema, a professora Elisabeth Abrantes é incisiva:
A Setembrada não pode continuar sendo vista como um simples motim do “povo” e “tropa” como é tradicionalmente interpretada … Dessa forma a Setembrada, que a princípio sugere uma simples manifestação no mês de setembro, sem grandes consequências…. Compreendendo os acontecimentos iniciados em Setembro com seus desdobramentos, como a nova tentativa de sublevação ocorrida em novembro e finalmente a resistência dos sertanejos no interior sob a liderança de João Damasceno. (Abrantes: p. 12).
A arena politica que serviu para insuflar os ânimos entre liberais e moderados, exaltados e caramurus, eram os jornais da época. O Maranhão, entre as décadas de 20 e 30 do século XIX, possui um grande número de periodicos, destacando-se “O conciliador Maranhense”, “amigo do homem”, “Argos da lei”, “O Censor”, “O Farol Maranhense” etc.
É neste cenário conflitante e tenso que subleva-se o quartel do Campo d’ Ourique, onde concentrou-se uma grande massa popular. Sobre este fato o historiador Mário Meireles é enfático:
Assim, no dia 12 de setembro chegou – lhe o boato de que algo de mais sério se passava no hoje desaparecido Campo d’ Ourique,em cujo quartel se havia concentrado as tropas e grande massa popular. Clementino José Lisboa, Comandante – das – Armas, confessando não dispor de força fiel que bastasse para fazer frente ao movimento, levou o Presidente a convocar o Conselho Geral da Província, o qual resolveu mandar interpelar os amotinados sobre suas pretensões e intenções. (Meireles: 1980, 261).
A causa imediata da expulsão da Setembrada foi a noticia de um levante no Pará, articulado por restauradores. Associado a isso, a denúncia da prisão de lideres liberais exaltados e a noticia de que o presidente, que aguardava para substituir o atual, Cândido José de Araújo Viana, foi enviado para o Rio Grande do Norte.
Deflagado o movimento os lideres, acompanhados de soldados e do povo, formularam uma representação ao governo exigindo:
1- Que sejam expulsos dos postos militares tanto de primeira como de segunda linha todos os brasileiros pela Constituição ou Portugueses;
2- Que sejam suspensos do exercicio das suas funções os sequintes magistrados: O Chanceler da Relação Francisco de Paula Ferreira Duarte e os Desembargadores Manoel Inácio Cavalcante de Lacerda, João Capistrano Rebelo, Domingos Nunes Ramos Ferreira e Francisco Gonçalves;
3- Que sejam expulsos dos empregados civis da Fazenda e Justiça todos os brasileiros adotivos, sem exceção alguma;
4- Que saiam para fora da provincia os sequintes declarados inimigos ativos da independência do Brasil, e de suas instituições livres os religiosos do Convento de Santo Antonio: João Crispim Alves de Lima, Joaquim Raimundo Marques, Pe. José Pinto Ferreira Marcelino, José de Azevedo Perdigão, Pe. José Rodrigues de Almeida, Manoel de Abranches Paes, os quais devem ser imediatamente capturados e devem deixar a provincia dentro de 24 horas. Assim também saiam da provincia os seguintes da Freguesia do Itapecuru, José Carlos de Melo e Alvim; do Itapecuru – Mirim, Antonio Pinto Ferreira Viana; e de Viana e de Caxias, João Antonio Marques e Fernando Mendes de Almeida;
5- Que o governo da provincia incuba aos Juizes de Paz uma busca na casa de todos os portugueses aqui residentes, e lhes mandem tirar as armas que possam ter;
6- Que se consinta doravante o desembarque de filhos de Portugal nesta pronvicia, menos os industrias e artistas;
7- Que, em qualquer tempo, não possa ser considerada crimonosa a presente reunião.
O povo e tropa reunidos no Campo de Ourique em conselho decidem não largarem as armas sem serem fielmente cumprindos todos os artigos reivindicados que consideravam providências reclamadas pela opinião pública. O presidente da provincia, Araújo Viana, tomado de impacto, resolveu ceder ás exigências, porém estrategicamente ganhava tempo. Expediu oficios demitindo portugueses de cargos públicos.
Passados dois meses da eclosão do movimento, em novembro, iniciava-se a reação do governo, que levou à repressão do movimento cujos participantes foram tratados como perturbadores da ordem. Perseguidos, os revoltosos tentaram articular um novo levante no dia 19 de novembro a fim de obterem as mudanças politicas reivindicadas. Foram rechadados pelas tropas legalistas que contavam com o apoio de um efetivo militar advindo da cidade de Caxias. Alguns lideres revoltosos fugiram para o interior unindo-se ás tropas comandadas pelo lider popular, João Damasceno, que marchou sobre várias cidades e vilas da provincia, combatendo e conseguindo adesão dos mais humildes. Marchou sobre a capital apoderando-se do armazém de pólvora, além de exigir do governo a expulsão imediata dos oficiais e civis que não fossem brasileiros natos. Foi novamente combatido, fugiu par Caxias e, posteriormente, para a provincia do Piaui. Regressando ao Maranhão, enfrentou as forças legalistas, foi vencido e morto com seus companheiros na cidade de Brejo durante a batalha do Boqueirão.

A BALAIADA:
REVOLTA DE NEGROS E POBRES

O periodo da história do Brasil entre a Revolução Pernambucana e a Resolução Praieira, é marcado pela existência de lutas sangrentas nas provincias, como resultado dos conflitos entre brasileiros e portugueses, os anseios de autonomia em confronto com a centralização politica e as precárias condições sócio – economicas em que viviam as classes subalternas. Em várias provincias na década de 20 do século XIX, as lutas se aguçam em torno da independência, inclusive com participação popular, mas é na década de 30, no período denominado de Regencial (1831 – 1840), que o processo de lutas se agrava, instabilizando a “ordem”, agravando o cenário econômico social e politico e ameaçando a propria unidade nacional.
O período Regencial não pode ser caracterizado apenas como uma fase da história onde campeou a violência e a instabilidade, mas caracterizou-se também pelas experiências de autonomia, repúlica e formação politico – partidária além dos gritos de liberdade expressos nas revoltas que eclodiram em grande parte das provincias. Entre essas revoltas destacamos: a Farroupilha, no Rio Grande do Sul, a maior guerra civil brasileira, a Sabinada e a Revolta dos Escravos Malês, na Bahia, a Cabanagem, movimento piopular que eclodiu na provincia do Pará e a Balaiada, ou guerra dos Bem - te- vis, movimento social e popular que eclodiu na provincia do Maranhão.
Só é possivel estudar a Balaiada contextualizando – a com a história do Brasil e do Maranhão nas décadas de 20 e 30. Nesse periodo ocorrem os movimentos da independência, abdição e ascensão das agências que se configuram pelos conflitos envolvendo brasileiros e portugueses, além da tentativa de afirmação da aristocracia rural no poder. A monarquia não conseguiu consolidar-se na década de 20, o que apressou o processo abdicatório. O cenário era de racismo, odio, disputas politicas, fraudes eleitorais, desconfiança, conflito e violência, além do que o Brasil neste momento, não possui uma economia consistente, pois o café aparecera há pouco no cenário nacional, não sendo ainda uma economia de expressão. No Maranhão os atritos politicos se iniciam mesmo antes da década de 20, contudo é o processo de adesão do Maranhão á independência e a Guerra dos Três Bês, que projetaram o cenário de lutas na provincia. Em 1831 a Setembrada, ou Motim do Campo D’ Ourique, acirrou o processo de lutas entre brasileiros e portugueses, desencadeando no Maranhão um clima de tensão que irá desaguar no grande conflito da Balaiada.
O historiador Matthias Rôhrig Assunção assim descreve a balaiada:
A revolta que entrou na historiografia com o nome de Balaiada, foi sem, dúvida, uma das maiores insurreições populares ocorridas durante o Brasil – Império. Mobilizou pelo menos 12000 homens contra os governos de duas províncias controlou extensas faixas do territorio nacional durante os anos 1839 – 40 e requereu a intervenção maciça do governo central para ser finalmente subjugada. Apesar disto,não tem recebido muita atenção por parte da historiagrafia e tem sido frequentemente mal interpretada. ( Assunção: 1998,67)
É neste cenário que eclode a Balaiada em 1838, prolongando-se até 1841 no 2º Reinado. Trata-se de um movimento popular e social que envolveu as mais diversas camadas da população maranhense. O movimento foi marcado pela forte presença das classes subalternas, tais como escravos, negros forros, vaqueiros, camponeses e artesão, embora contasse também com a presença de profissionais liberais e intelectuais ligados ao partido Bem-te-vi, como os jornalistas, José Cândido de Morais e Silva, Estevão Rafael de Carvalho e João Francisco Lisboa. Nesse contexto, o entendimento da Balaiada passa, sobretudo pelas condições sócio – politicas e econômicas predominantes no Maranhão da época: possuia a provincia uma população de 200 mil almas onde a metade era de escravos e a outra parte formada por camponeses, artesãos, comerciantes, proprietarios e burocratas. A economia maranhense, que tivera o seu primeiro apogeu entre o final do século XVIII até 1820 com o algodão, entrara em profunda decadência, sobretudo após a retomada da produção norte – americana. Vincula-se a isso a desagregação da economia e uma acirrada disputa pelo controle do comercio, o que excluia as classes menos favorecidas e privilegiava uma minoria. O quadro politico era de gravidade. O ódio se expressava nas disputas entre brasileiros e portugueses entre portugueses e ingleses fato que vai desaguar no campo politico. Governava a provincia o partido Cabano ou Saguarema do senhor Felisardo de Sousa, posteriormente Vicente Pires de Carmargo que sofriam forte oposição Vicente Pires de Carmargo que sofriam forte oposição dos politicos bem – te – vis, sendo a arena dessas disputas os pasquins e jornais que circulavam no Maranhão da época. O poder era centralizado sendo que a “Lei dos prefeitos e vice – prefeitos” (lei provincial nº 79, de 26 de junho de 1838), ampliou a concentração de poderes nas mãos do executivo (prefeitos), em detrimento da autonomia provincial representada principalmente pela eleição do Juiz de paz. Esta lei dispõs sobre as pessoas que além das existentes, passam a ser encarregadas pela policia, da sequinte forma:
Art. 1º. Haverá em cada comarca um Prefeito e um secretário da prefeitura, em cada termo um sub prefeito, e em cada Distrito, tantos commissários de policia, quantos o Prefeito respectivo julgar necessários sobre a informação do sub Prefeito do termo, e com aprovação do Presidente da Província.
Art 4º. Os Sub Prefeitos serão nomeados pelo Presidente da Província sobre proposta do Prefeito respectivo dentre os cidadãos de reconhecida probidade e inteligência serão demitidos pelo Presidente da Provincia, e poderão ser suspensos pelo Prefeito quando convier no serviço, ou interesse público ( Cantanhêde; 1999, 131).
O estabelecimento da Lei dos Prefeitos foi determinante para a eclosão da Balaiada no Maranhão. Por outrto lado, a Guarda Nacional, instrumento de repressão das regências era controlada pelos grandes proprientarios locais que recebiam patentes de oficiais, tornando-se um aparelho de repressão e vingança contra opositores. O alistamento obrigatório causou revolta daqueles que não queriam servir na Guarda Nacional e eram obrigados através da política dos “pegas”.
É preciso ressaltar que, por muito tempo, a história oficial discriminou o movimento dos balaios, denominado esta revolta como sendo de “bandidos”, “facinoras”, “ facciosos”, deflagada por membros da “ralê”, indicando os membros da revolta como saqueadores, violentos e proclamadores do clima de instabilidade e revolta. Historiadores como Astolfo Serra, Carlota Carvalho, Maria Januária Vilela Santos, Rôhrig Assunção e a professora Maria de Lourdes Janotti estabeleceram nas suas pesquisas um novo olhar para a Balaiada, que passou a ser analisada também sob o prisma dos vencidos, das classes sublaternas oprimidas pelo poder e que tiveram parte da sua memória resgatada. A Balaiada, enquanto revolta social e popular, eclodiu no interior do Maranhão, expandindo – se para as provincias do Piaui e Ceara. Os seus lideres eram gente do povo, como Negro Cosme, que comandou um exército de três mil escravos quilombolas e se intitulava tutor e imperador das liberdades bem – te – vis, o vaqueiro Raimundo Gomes, o “Cara Preta”, Manuel dos Anjos Ferreira, o “Balaio”, livro Castelo Branco, “Coque”, “Mulungueta”, Milhomem, “João Bunda”, o indio Matruá, dentre outros. Gente do porque aspirava pela liberdade, fim das discriminações e repressão. A este respeito nos informa Maria Januária Vilela Santos:
Naturalmente, estas aspirações incentivaram a luta dos escravos. As reivindicações da população mestiça e pobre da província, que lutou contra a sujeição em que vivia, abriram novas perspectivas de resistência à escravidão. Torna-se necessário, no entanto, reconhecer que vigorosa, manifestação nacional se fez sentir durante a Balaiada, vinculada ideologicamente à independência. Tanto no Maranhão como no Piauí, para onde a revolta se alastrou, encontramos entre os homens que pegaram nas armas e deram as suas vidas não só os “pobres” e deserdados”, mas também ricos proprietários de terras e famílias influentes, cujas aspirações não coincidiam extamente com as teses liberais defendidas em São Luis pelos arautos do partido. (Santos: 1983, 51).
Convém destacar a participação dos bem – te – vis que incitavam os revoltosos contra o governo cabano através dos jornais, destacando-se João Francisco Lisboa.
Oficialmente a Balaiada se inicia no lugar denominado Vila da Manga do Igaurá, proximo a Vargem Grande, quando o vaqueiro Raimundo Gomes invadiu o cárcere da vila, proclamado a soltura de todos os individuos que estavam presos. Este foi apenas o estopim de um movimento que se expandiu por quase todo o interior da província, alcançando inclusive as terras do Piaui. Por sua vez, o deslocamento de tropas e batalhas envolvendo grupos do poder central e revoltosos se espalharam, dentre outros locais, por Alcântara, Guimarães, Viana Rosário, Itapecuru, Manga do Iguará, Vargem Grande, Freguesia de N. Srª das Dores da Chapadinha ( hoje só Chapadinha), Brejo, Barra do Corda, Pastos Bons, Caxias, São José dos Matões, São Bernardo, Balsas, Icatu, Grajaú, Codó, Miritiba (Humberto de Campos) e São Luis. Os rebelados eram a grande maioria, oficialmente cerca de seis mil revoltosos, que se envolveram em conflitos sangrentos no enfrentamento com as tropas legalistas. Usando armas rústicas e utilizando o sistema de guerra de guerrilhas, os balaios sairam vitoriosos em diversas batalhas tais como: Mocambo, Laranjeiras, Caiçara, Munim, Icatu, Areias, Angicos. Um total de quinze vilas importantes da faixa marítima ficaram sob o controle dos revoltosos, faltando apenas conquistar a capital, conseguindo dominar a segunda cidade da provincia, Caxias, onde instalaram uma Junta Governativa formada por liberais e conservadores. A sequir fizeram um rol de exigências, dentre as quais indenização em dinheiro, a garantia dos oficiais da revolta assumirem os mesmos postos na força legal imperial, e anistia a todos os rebeldes. Foi curto o domínio balaio em Caxias. Além da falta de entendimento entre os lideres balaios, o governo central enviou tropas para esta cidade sob o comando militar de Luis Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, que ocupou estrategicamente o morro do Alecrim combatendo os rebeldes, decretando anistia para alguns, processos para outros e massacre para a maioria. Os lideres foram mortos, expulsos da provincia ou presos, sendo negro Cosme julgado à revelia e enforcado na vila de Itapecuru.
É preciso ressaltar que a historiografia tradicional aponta a falta de unidade dos balaios, a desorganização do movimento e a “competência do Barão de Caxias como causas fundamentais responsáveis pelo fim do movimento. Mas é preciso perceber que os Bem – te – vis, aliados dos balaios, abandonaram a luta quando perceberam a força do movimento popular, passando a apoiar a repressão. Era a elite unida mais uma vez, para derrotar a massa desejosa de liberdade. A Balaiada foi debelada, mas ficou na memória dos maranheses, embora ela não faça parte do orgulho nacional nem do Maranhão, diferentemente da elitista Revolta de Beckman, cujos loiros são proclamados aos quatro cantos do Estado.
A SOCIEDADE MARANHENSE NA COLÔNIA E IMPÉRIO: PRIVILÉGIO DE POUCOS, POBREZA DE MUITOS

É possivel definir a sociedade maranhense na colônia e no império, tomando como parâmetro a segunda metade do século XVIII, momento em que ocorrem transformações na estrutura politico, social e econômica da provincia, a partir da implantação da politica pombalina, cujas medidas possibilitaram a formação do campesinato maranhense, além do que a sociedade assume um caráter hegemonicamente escravista. É preciso destacar que o Maranhão nos primeiros 140 anos de colonização, apresenta certas especifidades no setor social. A sociedade era pouco diferenciada, havendo o predominio de funcionários e militares nos poucos centros urbanos, além de uma extensa miscigenação. Assim, na base na pirâmide social está a massa nativa, utilizada como mão – de – obra escrava. Nota-se nesse periodo, a quase total ausência de escravos negros na região. A classe intermediária era composta por colonos livres, comerciantes e alguns artesãoes. No vertice destacamos como classes privilegiadas, os religiosos das diversas ordens, sobretudo, padres, jesuitas, militares, altos funcionários do reino como: governador, ouvidores, capitães, alcaides, provedores, procuradores, juizes vereadores e outros. Sobre a formação social do Maranhão no periodo em questão, o historiador Matthias Rôhrig Assunção é incisivo:
E. F. Caxias a Cajazeiras (1895-1919)
E. F. São Luiz-Teresina (1919-1975)
RFFSA (1975-1997)
CAXIAS
Município de Caxias, MA
Linha tronco - km 372,642 (1960)

MA-3678

Inauguração: 05.04.1895
Uso atual: desconhecido

com trilhos
Data de construção do prédio atual: c.1915

HISTORICO DA LINHA: A E. F. São Luiz-Teresina foi aberta em seu primeiro trecho em 1895, ligando Caxias a Cajazeiras (Flores). Em 1919 foi aberto outro trecho, São Luiz-Caximbos, prolongado em 1920 até Caxias. Somente em 1938 os trilhos chegaram a Teresina, com a abertura da ponte sobre o rio Parnaíba. Trens de passageiros rodaram até o ano de 1991 pela linha. Cargueiros trafegam por ela até hoje.

A ESTAÇÃO: A estação de Caxias foi inaugurada em 1895. A estação que aparece nas fotos abaixo é a "nova", construída nos anos 1910, quando a ligação de Caxias a São Luiz foi posta em tráfego. O antigo pátio, que possuía duas casinhas, hoje está abandonado. A casinha para trens de carga não mais existe. Para
ACIMA: Mapa mostrando o esquema da estação de 1915 (nova) e de 1895 (A, B, C e D), EM 2007. A casinha A já foi demolida; a B é a mesma da foto abaixo; a C é a base da caixa d'água e a D, o antigo galpão de manutenção, está hoje em ruínas. As linhas em pontilhado eram as linhas antigas, que terminavam nesse pátio, pois a linha não seguia para São Luiz. Com a abertura da ligação Caxias-São Luiz, a linha mudou de local e cruzou o rio Itapecuru; foi construída uma nova estação, de dois andares, que é a que ainda hoje está por lá. ABAIXO: A antiga estação de passageiros, que operou como tal de 1895 a 1920 (Foto e esquema Tarcioso Vilarinho, 2007).passageiros era usada a outra casinha. Dessa antiga estação, de 1895, hoje só ela existe, ao lado da base da caixa d'água e do galpão de manutenção, este em ruínas. "Acho que com o esquema anexo, feito às pressas, dá para entender como era antes e como é agora, ou seja: construíram a estação de dois pavimentos, situada antes da antiga (B), devido ao trem, a partir de então, seguir para São Luiz, entrando à direita" (Tarcisio Vilarinho, 2007). (Fontes: Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, 1932-1980; Edson Vidigal, 2000; Pedro Paulo Resende; Revista Brasil Ferrocarril, 1915; Tarcisio Vilarinho, 2007)




A estação em 1915. O novo pátio ainda não funcionava. Revista Brazil Ferrocarril, de 15/10/1915

A estação de Caxias, provavelmente anos 1920. Foto de autor desconhecido

Estação de Caxias em 1960. Acervo Tarcisio Villarinho

A estação em 2002. Foto Pedro Paulo Resende

Estação de Caxias em 2007. Foto Tarcisio Villarinho

Estação de Caxias em 2007. Foto Tarcisio Villarinho



Atualização: 19.06.2010
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.

Velhas Ferrovias de Caxias

Outras estações:
Estações da linha:
Índice de estações
...
Riachão
Caxias
Cristino Cruz
...

IBGE-1957
...
ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: N/D
...


E. F. Caxias a Cajazeiras (1895-1919)
E. F. São Luiz-Teresina (1919-1975)
RFFSA (1975-1997)
CAXIAS
Município de Caxias, MA
Linha tronco - km 372,642 (1960)

MA-3678

Inauguração: 05.04.1895
Uso atual: desconhecido

com trilhos
Data de construção do prédio atual: c.1915

HISTORICO DA LINHA: A E. F. São Luiz-Teresina foi aberta em seu primeiro trecho em 1895, ligando Caxias a Cajazeiras (Flores). Em 1919 foi aberto outro trecho, São Luiz-Caximbos, prolongado em 1920 até Caxias. Somente em 1938 os trilhos chegaram a Teresina, com a abertura da ponte sobre o rio Parnaíba. Trens de passageiros rodaram até o ano de 1991 pela linha. Cargueiros trafegam por ela até hoje.

A ESTAÇÃO: A estação de Caxias foi inaugurada em 1895. A estação que aparece nas fotos abaixo é a "nova", construída nos anos 1910, quando a ligação de Caxias a São Luiz foi posta em tráfego. O antigo pátio, que possuía duas casinhas, hoje está abandonado. A casinha para trens de carga não mais existe. Para
ACIMA: Mapa mostrando o esquema da estação de 1915 (nova) e de 1895 (A, B, C e D), EM 2007. A casinha A já foi demolida; a B é a mesma da foto abaixo; a C é a base da caixa d'água e a D, o antigo galpão de manutenção, está hoje em ruínas. As linhas em pontilhado eram as linhas antigas, que terminavam nesse pátio, pois a linha não seguia para São Luiz. Com a abertura da ligação Caxias-São Luiz, a linha mudou de local e cruzou o rio Itapecuru; foi construída uma nova estação, de dois andares, que é a que ainda hoje está por lá. ABAIXO: A antiga estação de passageiros, que operou como tal de 1895 a 1920 (Foto e esquema Tarcioso Vilarinho, 2007).passageiros era usada a outra casinha. Dessa antiga estação, de 1895, hoje só ela existe, ao lado da base da caixa d'água e do galpão de manutenção, este em ruínas. "Acho que com o esquema anexo, feito às pressas, dá para entender como era antes e como é agora, ou seja: construíram a estação de dois pavimentos, situada antes da antiga (B), devido ao trem, a partir de então, seguir para São Luiz, entrando à direita" (Tarcisio Vilarinho, 2007). (Fontes: Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, 1932-1980; Edson Vidigal, 2000; Pedro Paulo Resende; Revista Brasil Ferrocarril, 1915; Tarcisio Vilarinho, 2007)




A estação em 1915. O novo pátio ainda não funcionava. Revista Brazil Ferrocarril, de 15/10/1915

A estação de Caxias, provavelmente anos 1920. Foto de autor desconhecido

Estação de Caxias em 1960. Acervo Tarcisio Villarinho

A estação em 2002. Foto Pedro Paulo Resende

Estação de Caxias em 2007. Foto Tarcisio Villarinho

Estação de Caxias em 2007. Foto Tarcisio Villarinho



Atualização: 19.06.2010
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